A review by bibilly
The Heart Principle by Helen Hoang

informative sad medium-paced

2.5

era pra ser 4 estrelas, no mínimo 3, mas cá estamos. assim como Kiss Quotient, o começo deste livro tem todo o gás necessário, não só pela dinâmica entre os protagonistas mas também pelo lugar em que eles se encontram na vida: um empresário vietnamita e motoqueiro tatuado recém curado de câncer de testículo conhece, via app de namoro, uma violinista de família chinesa que, no meio do maior bloqueio artístico da sua vida, a fama acidental na internet minguando, prestes a receber um diagnóstico de autismo, se vê em um relacionamento aberto por não saber dizer não (nem para o namorado nem para ninguém), mas ainda disposta a transar com um estranho por vingança. tudo favorecendo um romance com plot e me dando esperanças de um fake dating. mas o fake dating nunca vem. os protagonistas ficam juntos rápido demais e o romance vira um filme de terror, é substituído por um Get Out no espectro autista, quando há duas páginas atrás a família controladora da protagonista (assim como o evento da sua fama repentina) era mais um fantasma do que pessoas reais na vida dela (aka personagens secundários). mas de repente está todo mundo lá, prontos para soltar uma bomba no eixo da narrativa e iniciar uma dupla tortura com a pobi da Ana e o leitor, enquanto Quan é relegado ao papel de muleta. se por um lado o sofrimento descrito não é inverossímil, por outro não era o que eu estava procurando nem algo possível de ser previsto lendo os outros volumes da trilogia (a qual so acompanho pelas reps autista e asiática). tudo isso é piorado pela escrita didática, que parece ser a marca registrada de romances contemporâneos e dá a Heart Principle um tom de depoimento. a nota da autora no final, explicando o quão pessoal a jornada da personagem é para ela, meio que justifica isso, mas não torna a narração satisfatória nem a impede de escorregar no telling-not-showing. na verdade, só confunde ainda mais a classificação da história, que não sabe se é um memoir ou um trabalho de ficção e não dá nenhum aviso desse desvio para o leitor, porque não é como se essa capa gritasse "tortura psicológica em ambiente familiar"... enfim, este livro deve ser o maior erro de marketing do ano: quem está na expectativa vai se decepcionar, quem procura por um romance vai se assustar e quem não receber essa "reviravolta" positivamente vai dar 3 estrelas pela tentativa sem saber ao certo se deveria.