A review by w0carolina
Daniel Deronda by George Eliot

2.0

Estou profundamente irritada. Até antes do casamento da Gwendolen, a história estava ok, embora os personagens sejam um pouco entediantes desde o início. Mas a partir desse momento, as coisas se tornaram irritantes. Entendo que a quebra de uma promessa seja algo realmente digno de pesar a consciência, mas a motivação não era clara? O bem estar da mãe não é o suficiente para redimir Gwendolen em sua própria consciência? E qual a explicação para essa obsessão que ela tem com o Deronda, a ponto de ceder a ele a responsabilidade de servir como compasso moral? Sinceramente, não a entendo, e não acho nem justo, nem certo que ela seja corroída por culpa quando era óbvio que o Grandcourt jamais se casaria com a Sra. Glasher, ou apenas por ter pensamentos ruins (especialmente quando esses são tão bem justificados. Abuso psicológico ainda é uma forma de violência).
A história pessoal do Deronda, por outro lado, já não foi tão frustrante. Embora eu ache muita presunção da parte dele julgar a Gwendolen e se colocar como alguém de moral tão absurdamente superior. Ele não faz isso com a Mirah, mesmo quando ela demonstra submissão e fragilidade. A mensagem sionista é questionável, claro, mas acho que tudo bem desde que nem ele, nem o Mordecai acreditam ser necessário matar palestinos para organizar os judeus.
A mensagem da submissão incomodou. Nós saímos de toda aquela independência feminina vista em Middlemarch para cair nessa exultação da submissão. Gwendolen, que inicia o livro indômita, tem seu espírito esmagado e castigado injustamente, até virar uma sombra do que ela havia sido, enquanto a dócil Mirah vive seu grande amor dos sonhos, sua submissividade (primeiro ao pai, depois a Deronda e ao irmão) reconhecida e recompensada. Ugh. Dai-me paciência.