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A review by uderecife
Metodologia Filosófica by Dominique Folscheid
4.0
Este livro é fundamental para qualquer aluno que se inicie, ou queira levar mais a sério, os seus estudos acadêmicos de filosofia. Contudo, não sem algumas ressalvas: os autores, ambos franceses, não traem as suas origens, talhando muitas das preocupações metodológicas para o cenário escolar francês. Mas como o trabalho filosófico, por sua natureza, não conhece nacionalidades, os conselhos aqui apresentados são, a grosso modo, universais.
Basta uma leitura rápida do índice que abre o livro para perceber o mapa geral da obra. O leitor, que, naturalmente, se assume como estudante de filosofia, é guiado pelas diferentes técnicas que necessariamente terão de fazer parte da sua caixa de ferramentas filosófica. O índice, esquemático, deixa visível que o conteúdo se encontra dividido em quatro partes. As duas primeiras, fundamentais, estão divididas segundo um padrão binário de seções. Na primeira dessas seções é onde são abordadas as características teóricas das técnicas estudadas, com a segunda se focando na concretização prática dessas mesmas técnicas. Se a primeira diz o que se faz, a segunda diz como se faz. A primeira mapeia, a segunda concretiza.
A primeira parte, intitulada “Os Textos Filosóficos”, incide sobre o conjunto mais básico de técnicas em que se espera competência por parte de qualquer estudante de filosofia. Começando pela muitas vezes negligenciada técnica de “leitura dos textos” filosóficos, passa-se depois para a essencial, mas nem sempre óbvia, distinção entre os exercícios de “explicação” e “comentário de texto”. A subsequente seção prática faz por cobrir cada um dos casos até aí apresentados.
Chegados à segunda parte, o foco passa agora a ser o daquela atividade que será central ao trabalho de estudante sério de filosofia, indicado no título: “A Dissertação Filosófica”. Nela são cobertos os diferentes aspetos técnicos a serem visitados para garantir a competente realização desse exercício. Na subsequente seção prática desta parte, os autores fazem por demonstrar como reproduzir os diferentes passos propostos através da apresentação de bons exemplo concretos.
Na terceira e quarta partes, respetivamente intituladas “Outros Exercícios” e “Instrumentos de Trabalho”, são analisadas outras técnicas e ferramentas que, num ou noutro momento do trabalho filosófico, podem vir a ser muito úteis. A terceira parte incide sobre a distinção entre a “contração” e a “síntese de textos”, incluindo uma segunda seção sobre a mais francesa exigência das provas orais. Já a quarta analisa importantes conceitos lexicais recorrentes ao trabalho filosófico (aquilo que caracteriza e distingue a análise, argumentação, conceito, tema, etc.), oferecendo depois umas sugestivas “[o]rientações bibliográficas”, que, como já referido, refletem mais a experiência francesa dos autores, mas que, ainda assim, e aqui e além, pode ser útil para os estudantes de filosofia independentemente de onde se encontrem.
Como qualquer livro de metologia, focado que necessariamente tem de estar em aspetos muito específicos do trabalho filosófico, este é mais um manual de consulta do que um livro para se ler de capa a capa. Uma vez conhecido o mapa do seu conteúdo, esta obra tem o potencial de se tornar uma referência obrigatória para o aluno de filosofia que procura resolver os problemas específicos que vai encontrando ao longo do seu cotidiano filosófico. Por todas essas razões, e tendo em conta a especificidade do seu tema, recomendo sem reservas este livro.
Antes de fechar, e como nota adicional, é importante sublinhar a qualidade da tradução de Paulo Neves, competente ao ponto de quase nos fazer esquecer que o original se encontra noutra língua.
Basta uma leitura rápida do índice que abre o livro para perceber o mapa geral da obra. O leitor, que, naturalmente, se assume como estudante de filosofia, é guiado pelas diferentes técnicas que necessariamente terão de fazer parte da sua caixa de ferramentas filosófica. O índice, esquemático, deixa visível que o conteúdo se encontra dividido em quatro partes. As duas primeiras, fundamentais, estão divididas segundo um padrão binário de seções. Na primeira dessas seções é onde são abordadas as características teóricas das técnicas estudadas, com a segunda se focando na concretização prática dessas mesmas técnicas. Se a primeira diz o que se faz, a segunda diz como se faz. A primeira mapeia, a segunda concretiza.
A primeira parte, intitulada “Os Textos Filosóficos”, incide sobre o conjunto mais básico de técnicas em que se espera competência por parte de qualquer estudante de filosofia. Começando pela muitas vezes negligenciada técnica de “leitura dos textos” filosóficos, passa-se depois para a essencial, mas nem sempre óbvia, distinção entre os exercícios de “explicação” e “comentário de texto”. A subsequente seção prática faz por cobrir cada um dos casos até aí apresentados.
Chegados à segunda parte, o foco passa agora a ser o daquela atividade que será central ao trabalho de estudante sério de filosofia, indicado no título: “A Dissertação Filosófica”. Nela são cobertos os diferentes aspetos técnicos a serem visitados para garantir a competente realização desse exercício. Na subsequente seção prática desta parte, os autores fazem por demonstrar como reproduzir os diferentes passos propostos através da apresentação de bons exemplo concretos.
Na terceira e quarta partes, respetivamente intituladas “Outros Exercícios” e “Instrumentos de Trabalho”, são analisadas outras técnicas e ferramentas que, num ou noutro momento do trabalho filosófico, podem vir a ser muito úteis. A terceira parte incide sobre a distinção entre a “contração” e a “síntese de textos”, incluindo uma segunda seção sobre a mais francesa exigência das provas orais. Já a quarta analisa importantes conceitos lexicais recorrentes ao trabalho filosófico (aquilo que caracteriza e distingue a análise, argumentação, conceito, tema, etc.), oferecendo depois umas sugestivas “[o]rientações bibliográficas”, que, como já referido, refletem mais a experiência francesa dos autores, mas que, ainda assim, e aqui e além, pode ser útil para os estudantes de filosofia independentemente de onde se encontrem.
Como qualquer livro de metologia, focado que necessariamente tem de estar em aspetos muito específicos do trabalho filosófico, este é mais um manual de consulta do que um livro para se ler de capa a capa. Uma vez conhecido o mapa do seu conteúdo, esta obra tem o potencial de se tornar uma referência obrigatória para o aluno de filosofia que procura resolver os problemas específicos que vai encontrando ao longo do seu cotidiano filosófico. Por todas essas razões, e tendo em conta a especificidade do seu tema, recomendo sem reservas este livro.
Antes de fechar, e como nota adicional, é importante sublinhar a qualidade da tradução de Paulo Neves, competente ao ponto de quase nos fazer esquecer que o original se encontra noutra língua.