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A review by celestecorrea
Nô e Eu by Delphine de Vigan
4.0
«Nô e eu» é uma reflexão sobre a vida, a identidade e o nosso lugar no mundo; comovente e inspirador é a história de uma amizade improvável entre Lou, 13 anos, sobredotada, pertencente a uma classe social confortável não isenta de problemas familiares e Nô, uma sem-abrigo de 18 anos, filha de uma mãe que foi violada e engravidou aos 15 anos.
Convivendo eu diariamente com pessoas em situação de sem-abrigo, pergunto-me se oferecer uma sopa, um bolo, um iogurte, uma palavra amiga desempenho o meu papel de cidadã? Que mais posso fazer? A vida é injusta e não há mais acrescentar. O mundo caíu na desordem.
Lou pensa na igualdade, na fraternidade, em todas essas tretas que se aprendem na escola e que não existem na vida real. Para provar que as coisas podem ser diferentes, Lou convence os pais a receber Nô em casa.
«- Não sou da tua família Lou. É isso que tens de perceber, nunca farei parte da tua família.»
«Mas eu tinha medo. Medo de que Nô se tivesse ido embora. Medo de ficar outra vez sozinha, como dantes.»
Não podemos aspirar a salvar o mundo porque o mundo é muito mais forte do que nós. Mas quando a raposa pede ao Principezinho que a guarde no coração e ele não sabe o que isso significa, se calhar é só isto que conta, se calhar basta-nos encontrar alguém que possamos guardar no coração.
Emocionante, enternecedor, triste (em certo sentido) é um romance de formação que estava à minha espera num alfabarrista perto de mim. Por 2 Euros fiquei a pensar e meti a mão na consciência.
Convivendo eu diariamente com pessoas em situação de sem-abrigo, pergunto-me se oferecer uma sopa, um bolo, um iogurte, uma palavra amiga desempenho o meu papel de cidadã? Que mais posso fazer? A vida é injusta e não há mais acrescentar. O mundo caíu na desordem.
Lou pensa na igualdade, na fraternidade, em todas essas tretas que se aprendem na escola e que não existem na vida real. Para provar que as coisas podem ser diferentes, Lou convence os pais a receber Nô em casa.
«- Não sou da tua família Lou. É isso que tens de perceber, nunca farei parte da tua família.»
«Mas eu tinha medo. Medo de que Nô se tivesse ido embora. Medo de ficar outra vez sozinha, como dantes.»
Não podemos aspirar a salvar o mundo porque o mundo é muito mais forte do que nós. Mas quando a raposa pede ao Principezinho que a guarde no coração e ele não sabe o que isso significa, se calhar é só isto que conta, se calhar basta-nos encontrar alguém que possamos guardar no coração.
Emocionante, enternecedor, triste (em certo sentido) é um romance de formação que estava à minha espera num alfabarrista perto de mim. Por 2 Euros fiquei a pensar e meti a mão na consciência.