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Portrait of an Unknown Lady by María Gainza

katya_m's review against another edition

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Para delatar um ser humano não há nada como a arte, é o detetor de mentiras mais barato que conheço.
p.16

Portanto, do íncio (e anotem mentalmente a frase acima que é só de uma ironia dolorosa): a narradora de Hotel Melancólico inicia a sua carreira como avaliadora de obras de arte (por cunha, claro) e, tão rapidamente como por magia, sobe de tal forma na carreira que, de uma página para outra, acaba envolvida em esquemas de falsificação de alto nível os quais justifica pelo potencial de efabulação que contêm e que, para desgraça maior, a fascinam intelectualmente. A par de uma certa rebeldia e sentimento de justiça que acompanha o ato de enganar os ricos e extravagantes amantes de arte oferecendo-lhes gato por lebre, as histórias que estas obras (falsificadas) acarretam - em particular a história de um grupo de artistas que reside no Hotel Melancólico que dá o nome ao livro - agarram a nossa narradora de tal forma que vão, ao que parece, alimentar este "romance". Daqui em diante, Hotel Melancólico procura ser uma espécie de caixa de Pandora invertida na qual a protagonista esgravata memórias que não são as suas, nem sequer as de alguém que lhe seja próximo, apesar de a narradora no-lo querer dar a entender (logo, que estranho, mas ok...). Não se preocupem, nada disto é spoiler, está tudo na sinopse com um estilo mais aprumado do que o meu. Mas, também não vos revelarei mais deste livro, até porque tudo o que tenho ainda a dizer é muito simples:
Em pleno renascimento, a noção de "imitação" era inexistente - hoje admiramos um Camões (alguns de nós, muito poucos, eu não, particularmente) cuja obra maior começa as armas e os barões assinalados, claramente uma versão de canto as armas e o varão (mas ao Vergílio tanto lhe dava que Camões fizesse copy paste da sua Eneida como não... já era pó nesta altura e também ele tinha andado a repescar nos seus clássicos para aqui chegar) -, pelo que, se Hotel Melancólico estivesse datado de 1400/1500 tudo bem. O certo é que o conceito de "cópia" (estou a tentar ser o menos abrupta possível) é uma noção moderna contemplada no código penal e aquilo que antes se encarava como um empréstimo, um ensinamento que o discípulo tomava, engrandecia e com o qual superava o mestre, é hoje uma ideia absolutamente inaceitável e peregrina. E bem sei que este pequenino livro nos fala de falsificações (por acaso, romantiza a ideia de falsificação artística), mas, precisamente por isso, fiquei a pensar tanto no assunto, e na postura de uma autora que se faz uso da própria experiência para escrever estes títulos inspirados no mundo da arte, que nem sequer estive com mais cuidados. O Bailarino ainda está fresquinho na minha cabeça, minha senhora, lembra-me bem o que li. E depois da primeira ainda vá, se calhar sou eu que estou a fazer confusão, mas à segunda, à terceira frase atirada assim à toa só porque é gira e tal no meio do texto sem fazer sentido, e eu a pensar "onde é que já li isto antes?!"... Não gostei!
Chegar a um livrinho com menos de 150 páginas escrito praticamente com recurso a outras obras - várias, felizmente, com devida menção de autor - assinado por alguém que se considera escritora de moto-próprio, não me caiu nada bem!
Não vale a pena dizer mais nada, julguem por vós próprios a pequena amostra que me dei ainda ao trabalho de compilar:

Hotel Melancólico, María Gainza, D. Quixote, 2019, p. 50:
- É uma oportunidade maravilhosa de fazer o bem - disse a Alfonso, enquanto deslizava o garfo pela língua um pouco mais lentamente do que seria de esperar.
Creio que Alfonso seguia uma conversa imaginária com uma terceira pessoa, porque me respondeu:
- Suponho que a razão pela qual uso bigode é porque assim posso cheirar os meus pecados da noite passada.


O bailarino, de Colum McCann, editora Editorial Bizâncio, 2003, p.234:
Victor por vezes chega a pensar que também ele está a dançar, sempre a bater o pé, ou a abanar a cabeça de um lado para o outro, com os dedos a retorcer a ponta do bigode - A razão por que uso bigode é poder cheirar os pecados da noite anterior! - e antes que deem conta já ele desapareceu.

Hotel Melancólico...p. 26:
As flores são importantes, disse-me o russo quando chegou perto de mim. Quando Prokofiev morreu, não havia flores à venda em Moscovo. Tinham sido todas vendidas para o funeral de Estaline. Linda história, triste história. Seria verdade?

O bailarino..., p.193:
Erik travou conhecimento com Richter, que lhe disse que quando Prokofiev morreu, esgotaram-se as flores à venda em Moscovo. Tinham sido todas compradas para o funeral de Estaline. Richter tocou no funeral, depois percorreu Moscovo a pé para colocar um único ramo de pinheiro na campa de Prokofiev. (É belo, mas será verdade?)

Hotel Melancólico..., p.58
Sonha ser artista, mas os pais opõem-se, sem saberem que, ao fazê-lo, estão a dar à filha o presente da necessidade imprescindível.

O bailarino..., p.63:
Era espancado por causa da dança e, no entanto, continuava a dançar, por isso, uma coisa compensava a outra. (...)eu diria que, espancando-o, negando-lhe a possibilidade de dançar, o pai estava a proporcionar-lhe o dom da necessidade.

_soraya_pl's review against another edition

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lighthearted fast-paced
  • Plot- or character-driven? Plot
  • Strong character development? N/A
  • Loveable characters? N/A
  • Diverse cast of characters? It's complicated
  • Flaws of characters a main focus? No

3.0

abssssss's review

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2.0

maybe i didn’t understand what i was about to read but i just did not live up to my expectations and i found it difficult to keep up/understand

maragtzrbooks's review against another edition

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mysterious slow-paced

2.5

prettyfaroutman's review against another edition

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reflective slow-paced
  • Plot- or character-driven? Character
  • Strong character development? No
  • Loveable characters? No
  • Diverse cast of characters? It's complicated
  • Flaws of characters a main focus? It's complicated

3.0

apierlessbridge's review against another edition

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challenging funny medium-paced
  • Plot- or character-driven? Character
  • Strong character development? No
  • Loveable characters? No
  • Diverse cast of characters? No
  • Flaws of characters a main focus? Yes

3.5

kjellouise's review against another edition

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mysterious medium-paced
  • Plot- or character-driven? A mix
  • Strong character development? It's complicated
  • Loveable characters? Yes
  • Diverse cast of characters? Yes
  • Flaws of characters a main focus? Yes

4.0

spiderwitch's review against another edition

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mysterious reflective fast-paced
  • Plot- or character-driven? Character
  • Strong character development? Yes

4.0

the_vegan_bookworm's review against another edition

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mysterious reflective slow-paced
  • Plot- or character-driven? Plot
  • Strong character development? No
  • Loveable characters? No
  • Diverse cast of characters? No
  • Flaws of characters a main focus? No

2.0

I thought there would be a lot more art forgery in this, but instead it focuses a lot on surrealism in a way that I found really tough to follow.

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maryftay's review against another edition

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mysterious reflective medium-paced
  • Plot- or character-driven? A mix
  • Strong character development? No
  • Loveable characters? Yes
  • Diverse cast of characters? No
  • Flaws of characters a main focus? No

4.0